terça-feira, 2 de outubro de 2018

Proposta de temas de trabalho


Comunicação e história
Comunicação e diferença
Cultura
Cultura e mudança
Diferença
Hierarquia
Fronteira
Transculturação
Representação
Representação da diferença
Diferença e racismo
Linguagem
Poder
Estereótipos
Migrações
Nação
Cidadania
Diálogo


Bibliografia:

BALIBAR, Étienne, 2005, We the people of Europe. Reflections on Transnational Citinzenship. Princeton and Oxford: Princeton University Press

BHABHA, Homi, K. [1994]  2013,O local da Cultura, Ufmg.

SANCHES, Manuela Ribeiro, 2011, Malhas que os Impérios tecem. Textos anticoloniais. Contextos pós-coloniais. Lisboa, Edições 70.

SCHUBERT, Fernando Luís e Eduardo Worlf (Org.), 2014, Pensar o Contemporâneo, Portalegre, Arquipélago Editorial.

AAVV, Podemos viver sem o outro?, 2008, Lisboa, Tinta da China/Fundação Calouste Gulbenkian.


"Podemos viver sem o outro?" - Ruy Duarte de Carvalho

Para ler e preparar a apresentação para a aula de 4/10/2018.

Tempo de ouvir o ‘outro’ enquanto o “outro” existe, antes que haja só o outro... Ou pré - manifesto neo-animista

…… fazendo eu parte, cívica, emotiva e intelectualmente, da categoria geral do OUTRO em relação à Europa, também por outro lado a questão do OUTRO, e dadas as condições fenotípicas e de origem que me assistem, tem feito sempre parte da minha experiência existencial e pessoal dentro do próprio contexto, africano e angolano, em que venho exercendo a vida e ofício……  isso me tem levado, para poder ver se consigo entender o mundo e entender-me nele e com ele, a identificar e a reconhecer uma multiplicidade de OUTROS…….. no presente caso retive apenas três categorias de OUTRO, que são as que me parecem capazes de permitir-me  tentar expor o que poderei ter para dizer aqui……….

…..considerarei aqui como OUTRO, sublinhado ou em itálico, os indivíduos e os grupos, muitos deles já nascidos ou constituídos no territórios das ex-metrópoles a partir de genitores ex-colonizados ou provenientes de ex-colónias e que hoje integram, de pleno direito estatutário, as populações nacionais dessas mesmas ex-metrópoles embora reconhecidos como diferentes da massa dominante através de traços fenotípicos ou culturais……… como ‘OUTRO’, entre apóstrofos, o ex-colonizado ocidentalizado com que o ocidente lida nos contextos das ex-colónias…….. e finalmente como “OUTRO”, entre aspas, aquele sujeito marcado por traços afetos a populações que, integradas embora como nacionais em estados-nação que hoje existem a partir de contornos ex-coloniais, mantêm usos, praticas e comportamentos mais afins a quadros pré-coloniais do que pós-coloniais ou mais ou menos ocidentalizados…….. quer dizer, subsiste  aí, em muitos casos, um “outro” não, ou ainda não completamente,  ocidentalizado ……. . o qual no decurso de um presente que é também o nosso, continua a ser objeto, evidentemente, de uma pressão ocidentalizante que acaba por ser a marca dominante do seu comum dia a dia de pessoas que à luz dos proclamados direitos do homem valem tanto como quaisquer outras pessoas no mundo……….

……só que a sua situação e a sua condição se revelam tão diferenciadas nos contextos nacionais em que subsistem, que da mesma maneira que aqui na Europa, onde estou agora a falar, as ex-metrópoles parece não saberem muito bem às vezes  o que fazer com o outro,  em itálico, que vem ao mundo em território seu, também o ‘outro’, entre apóstrofos, que gere os territórios das ex-colónias, parece também por seu lado ter dificuldade em saber o que fazer com esse “outro”, plenamente entre aspas………

………. este será, em meu entender,  um dos problemas, um dos impasses colocados ao mundo de hoje pelo processo histórico que veio a configurá-lo e continua a dinamizá-lo tal como ele hoje existe, e é evidente que estou a falar da expansão ocidental como ela se tem desenvolvido e mantém em curso……………..

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……… outros problemas porém, muitos dos quais, de novo em meu entender, acabam por constituir-se ou configurar-se como impasses, assistem ao mundo de hoje na decorrência, precisamente, e insisto, da expansão ocidental e do lugar que a matriz ocidental  de civilização acabou por impor ao mundo inteiro……….  de um modo tal, aliás, que as evidências de uma situação assim não deixam de suceder-se e impor-se cada vez com mais premência, como está acontecendo exatamente neste preciso momento com a crise financeira que o mundo está enfrentando………. parece que o mundo ocidental, e ocidentalizado, não pode decididamente ignorar mais a necessidade urgente  de fazer alguma de inédito por si mesmo………. do que nestas últimas semanas tenho insistentemente ouvido a tal respeito, retenho apenas que todos as instituições e os governos ocidentais chamados a pronunciar-se sobre a crise em presença se viram perante a necessidade de afirmar que as suas atuais preocupações dominantes com a finança não devem nem podem ofuscar, nem preterir, nem retardar a preocupação  vital e global com a saúde, a preservação e salvação ambiental do planeta………. e mais ainda que os develloping countries, que não são exatamente aqueles que mais imediatamente são convocados para encarar a crise do mundo geral, ocidental e ocidentalizado, exigem ser ouvidos quanto antes……..

………… e é aqui que me ocorre formular a seguinte pergunta: sendo que o mundo global reconhece ter de fazer imperativamente alguma coisa por si mesmo em relação à sorte global do globo, sendo que as vozes emergentes terão obrigatoriamente de ser ouvidas, não seria talvez então também já agora altura de atender ao que toda a espécie de vozes que o mundo ainda comporta poderá ter eventualmente a dizer no interesse talvez de todos? …………. mesmo as vozes daquele “outro” que eu aqui identifico envolvido entre cerradas aspas ?………que podemos viver sem ele, recorrendo ao mote deste encontro, talvez possamos, até porque ele vai inexoravelmente desaparecer, mas não seria pertinente, para o debate e para a sorte do mundo, tentar ou ensaiar ouvi-lo ainda, enquanto existe ?………

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………… estou a sair da Namíbia onde de há cinco meses a esta parte tenho usufruído do luxo de poder dedicar-me exclusivamente a um livro que estou escrevendo ……….. é um livro de meia-ficção, na sequência de outros em que tenho tentado essa modalidade, e cuja ação se desenvolve em grande parte no sudoeste de Angola e no noroeste da Namíbia, onde subsistem precisamente populações que eu posso identificar com o tal OUTRO absoluto que tenho vindo a referir…..  quando recebi lá o convite para participar neste encontro acedi sem grande hesitação porque em meu entender me via colocado uma vez mais numa situação em que a realidade vem ao encontro da ficção e poderia de alguma forma integrar o estar agora aqui no programa que me tinha anteriormente imposto e via assim interrompido……….  na trama do enredo que tenho vindo tratando nesse livro em curso, dois dos seus personagens concebem a certa altura poder ter para propor ao mundo, a partir das cosmologias e das cosmogonias locais, australo-africanas, para o caso, a figura de um herói tutelar perfeitamente adequado às preocupações, às aflições e às urgências que parecem impor ao mundo em que vivemos uma resposta pronta, eficaz, adequada e no entanto bem difícil de conjeturar ou conceber porque essas preocupações, aflições e urgências decorrem afinal de pressupostos e de dinâmicas que o mundo moderno, ao mesmo tempo, parece pouco disposto a por em causa………….

……… o herói em questão dá pelo nome de Nambalisita, e é figura de grande estatura no imaginário e na expressões das populações da região a que me referi e que também costumo identificar como mancha clânica pastoril do sudoeste da África, constituída sobretudo por populações herero, ovambo e nyaneka …….. Nambalisita, com quem eu lido de muito perto desde que há mais de um quarto de século rodei um filme chamado Nelisita, é aquele que se gerou a si mesmo…… ele nasce de um ovo auto-fecundado…….  e contra o mal e os maus e os desconcertos do mundo, Nambalisita faz  apelo aos animais todos da criação, seus irmãos, os seus rapazes, e até mesmo à criação inteira………

………. só que, sabem os personagens do meu livro muito bem, não será fácil propor um herói desses ao mundo ocidental e ocidentalizado que detém as rédeas do mundo e dos seus destinos…. Nambalisita emerge de uma matriz  cosmogónica e cosmológica que não é a que conferiu ao ocidente o poder para vir a ocupar o lugar que hoje ocupa no mundo globalizado………..  enquanto para nós aqui, nesta borda da África, refere um desses personagens,  para a nossa maneira de ver as coisas  a tudo quanto é vivo assiste uma alma igual que afinal cada ser vivo, seja ele pessoa, hiena ou lagartixa,  exprime, vivendo, conforme o corpo de que dispõe, para os brancos e para aqueles que os brancos converteram, domesticaram à maneira deles, é tão só o corpo que identifica o homem enquanto  animal, porque o que o que constitui como homem é ter uma alma de que o resto da criação não dispõe…….. é essa a expressão da razão, da arrogância e da soberba invasora……… ela coloca o homem fora da condição biológica como se ele estivesse a salvo de tal baixeza e partilhasse com deus, só ele e não o resto da criação toda, da condição divina……….. o homem no centro do universo e a servir de medida a tudo, até a deus……. antropoformização de tudo, mesmo de deus…….. o  divino configurado como um  deus branco de barbas brancas………….. tudo domesticado segundo um modelo que previa até o selvagem que nós seríamos aqui, um meio-humano que só tem acesso ao patamar da humanidade, só é verdadeiramente humano, quando aferido em relação não à medida do resto da criação no mundo, mas à da maneira de certos  homens que têm uma versão do mundo e da vida que  impõem aos outros, e armas, meios e dispositivos para tirar benefício  disso……. o universo feito para uso deles e, em nome de deus e da civilização, autorizados a converter entretanto o mundo todo, divino, humano, animado e inanimado, às suas maneiras, à sua maneira……….. uma maneira, a do paradigma que cobriu a expansão ocidental, portanto, que não pecava afinal por sobreestimar as pessoas……… não as colocava mas é tão alto quanto lhes cabe…….. porque mesmo depois de ter chegado o tempo das descolonizações e da entrega  das soberanias  locais aos ocidentalizados que provinham das populações indígenas anteriormente encontradas, o que de facto aconteceu foi legar-lhes, sem nação ou arranjo pluri-nacional, uma herança envenenada de estados modernos definidos por fronteiras políticas coloniais historicamente recentes e alheias aos diferentes e muitas vezes distintos grupos ou sociedades envolvidos ou retalhados……….. e exigiu-se-lhes de pronto o desempenho de estados-nação num mundo universal onde as regionalides dominantes em vias de consumação no quadro político das globalidades operam, ao mesmo tempo, no sentido de se desembaraçarem dessa figura política de estado-nação, como está acontecendo por exemplo com a Comunidade Europeia……….

……..só uma grande volta paradigmática, portanto, acrescenta então outro personagem plenamente ao corrente das terminologias ocidentais………… paradigmática e verdadeiramente pragmática……. mas que não contemplasse esses pragmatismos oportunistas e cínicos em que a categoria do necessário e do vantajoso substituiu completamente a do possível e consistem em não conseguir encarar nada sem fazer logo as contas do beneficio parcial que a  situação inspira e não olhar para o mundo senão em função disso ……..

……. da mesma maneira que seria necessário ter em conta  que a uma tal volta paradigmática não bastaria admitir que o “OUTRO” pudesse ser capaz de ver os fenómenos e o  mundo e avaliá-los e equacioná-los e aproveitar-se deles segundo as suas razões e os seus interesses, como faz o ocidental…. isso não é volta paradigmática nenhuma, é uma questão de bom senso………            volta paradigmática será admitir, e reconhecer, que alguém, mesmo sendo o “OUTRO”, pensando de uma maneira radicalmente diferente, possa conseguir ver certas coisas e certos fenómenos de uma maneira melhor e mais adequada à efetiva configuração do mundo, e que os ocidentais e os ocidentalizados,  nesse caso,  é que teriam a aprender com o “OUTRO”, e que isso acabaria por convir a todos……….. uma volta, assim, que permitisse, perante os impasses que a expansão e a imposição  do paradigma  ocidental produz no mundo inteiro – inclusive  nessas partes do mundo de onde ele saiu porque estão agora a contas com o troco, que são os filhos dos ex-colonizados, que estão a nascer lá – , permitisse ao próprio saber ocidental achar ser tempo de prestar uma atenção diferente aos chamados discursos arcaicos, dar-se a uma contra-descoberta, por assim dizer, daqueles que antes foram descobertos pelas caravelas……… o que talvez, na linguagem dos especialistas, pudesse ser formulado dizendo que seria tempo de ouvir o ‘outro’ enquanto o “outro” ainda existe, antes que haja só o outro, o tal imprevisível mestiço universal que o tempo se encarregará de produzir………

………. é isto que os meus personagens dizem no livro que estou a escrever e interrompi para poder estar agora aqui……… esse livro virá a esta à disposição de todos dentro de algum tempo, e só vou deter-me agora aqui num dos aspectos que enunciei : ouvir ainda esse “OUTRO” enquanto ele ainda existe……. ainda existe mesmo ?………..

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……existe ainda sim, em certas partes do mundo como aquela de onde estou a sair e me mobiliza de há décadas a esta parte a atenção total……… e se me empenho agora aqui em fazer campanha  para que esse “outro” seja ainda tido em conta e ouvido não é tanto porque entenda que devemos ir todos escutar atentamente o que os mais-velhos de lá poderão ter ainda para dizer e para nos ensinar…….. a minha experiência de antropólogo leva-me a encarar com a maior prudência o que os mais velhos de hoje poderão vir a dizer aos que os abordam para interrogá-los……… dizem exatamente aquilo que muito pragmaticamente entendem que lhes convém que os outros ouçam, como acontece seja com quem for em qualquer parte do mundo……… será antes imperativo, em meu entender, ter essas populações em conta porque elas ainda hoje, neste preciso momento, continuam a ser alvo de uma violentação, de uma lesão, que lhes é imposta pela expansão ocidental ainda em curso e acionada tanto por ocidentais estrangeiros como por ocidentalizados compatriotas seus…….

…….não estou aqui mandatado por ninguém para falar em nome seja de quem for……. falo por mim………. não defendo nenhuma causa, assumo uma questão que diz respeito à minha própria razão de existir………  mas não posso deixar de referir, quando sou chamado a pronunciar-me acerca de questões que se reportam ao lugar do OUTRO, de que forma me aflige, para não dizer de outra maneira, ver populações que eram assediadas antes por agentes da ocidentalização impondo-lhes assumir os sinais e as maneiras do modelo ocidental e do progresso tecnológico e que são assediadas hoje pelos mesmos agentes ou equivalentes que agora pretendem impor-lhes a preservação dos sinais e as maneiras dos seus modelos arcaicos e não-ocidentais porque isso passou a insinuar-se como o mais rentável tanto para uns como para os outros desde que se deixem integrar em menus de programas turísticos e se deixem representar como expressões de um exótico ecológico e redentor ao lado de outras atrações bizarras como manadas de zebras, de elefantes e de gazelas………….

….não me perguntem que soluções proponho para problemas desta ordem……..não sou nem político, nem profeta, nem militante seja do que for………  mas terão certamente o direito de perguntar-me aonde quero chegar se não tenho propostas para salvar o “OUTRO” e todavia ainda assim convido a que esse outro seja tido em consideração e ouvido embora também não proponha que vão lá ouvir o que os mais-velhos poderão ter para ensinar………. que tipo de ação ou de atitude me leva ainda assim a pretender reter-vos a atenção ?……..

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……o que eu proponho é bem simples e ao alcance de interessados e de profissionais susceptíveis de ser congregados à volta de questões desta natureza………….  não é ter um caminho a propor……. é antes ter algumas idéias para uma eventual hipótese de poder vir a ajudar a encontrar maneira de achar um caminho……. admitir uma possível perturbação, reconfiguração ou mesmo substituição prospectiva, pragmática e programática do paradigma cosmogónico, cognitivo, institucional e político ocidental / global / universal, recorrendo a outros quadros paradigmáticos…… não se trataria de introduzir qualquer espécie de remedeio, de compensação ou de arranjo nos terrenos do paradigma humanista, mas antes de tentar configurar, ou  reconfigurar, um novo paradigma………….. no âmbito desta proposta a hipótese apenas seria encarada a partir e através da identificação, da convocação e da possível integração de dados provenientes de outros quadros de concepção, cognição, representação e ação afins a géneses  africanas e outras…… não se trataria seguramente de tentar suster a mudança mas de convocar outros saberes, outras visões, outras maneiras, outras hipóteses de mudança para além da que é imposta pelo programa ocidental…….. nem se trataria de  visar a substituição de um paradigma por outro ou de propor um melhor que o outro ……… mas alvitrar apenas alguma ação que soubesse extrair do que se sabe, e de todos os meios e expressões, alguma maneira melhor de lidar com toda a ordem de impasses sem estar a criar sempre novos impasses civilizacionais, acrescentando novos impasses a toda a ordem deles…

…….voltando à proposta, pois: não será eventualmente  possível  encarar a hipótese de poder extrair de outros quadros paradigmáticos que não o do humanismo ocidental algo que venha ao encontro do próprio interesse global irreversivelmente marcado e conduzido pelo modelo que o ocidente impôs ao mundo inteiro e continua em expansão ?…………

………….. mas então se o meu programa não passa por ir muito voluntariosa, folclórica e militantemente ouvir o que os mais-velhos poderão ter para ensinar, passará por quê então ? …… poderá talvez passar muito ortodoxa e academicamente, e será esse o meu sucinto e singelo e discreto programa, por ir ver o que a própria expansão ocidental terá produzido como registo sobre o “outro”………. uma releitura, uma revisita, portanto, daquilo que existe escrito……… mas não uma releitura crítica clássica………… procurando antes tentar descortinar e extrair o que poderá estar por detrás dos documentos etnográficos que foram utilizados, se existirem, ou dos textos produzidos sem que os seus autores tivesses em conta a hipótese de poder existir qualquer outro paradigma susceptível de merecer alguma consideração……. uma releitura, portanto, que ensaiasse agora outra perspectiva, uma perspectiva, precisamente, que tivesse em conta outras maneiras de o homem ver a sua relação com o resto da criação, que conferisse, assim, uma importância e uma pertinência diferentes a paradigmas outros que não o paradigma humanista ocidental que se impôs, dominou, e impera a partir daí em exclusividade……….. que tivesse até em conta que esta seria, talvez, uma oportunidade inovadora garantida aos intelectuais ocidentalizados,  outros  e ‘outros’, saídos tanto do campo do ‘outro’ como do do outro, e chamados sempre, sem alternativa, a situar a sua afirmação e o seu desempenho nos terrenos e nas arenas do exercício dos saberes e dos poderes de matriz ocidental……… poderiam assim talvez  finalmente intervir de uma maneira que lhes evitasse ceder ao folclore de fantasias autenticistas ou renascentistas e a coloboracionismos étnico-turísticos e nos abrisse enfim uma via para reivindicar para nós mesmos, também, o direito à exigência……….. há muito tempo que me atrevo a dizer que a intelectualidade científica dominante só nos respeitará mesmo quando se vir obrigada a incorporar  na ciência global alguma coisa que saia de uma matriz  inequivocamente nossa…………

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…..o programa que eu então me atreveria a sugerir aqui, sem saber muito bem a quem propô-lo, seria o de encarar uma ação que partisse de imediato para uma releitura geral de tudo quanto está registado sobre o saber do Outro, sobre saberes Outros, à luz da hipótese de poder admitir a existência e a eventual pertinência de paradigmas outros para aferir a relação das pessoas com o resto da criação, sem deixar também, logo à partida, de ter igualmente em conta todas as ofensivas anti-humanistas que o próprio paradigma humanista terá gerado ao longo da sua própria história e o que estará, está de facto, entretanto neste momento a ser feito em relação ao mesmo objetivo ainda que formulado de outra maneira………

……..um programa, portanto, que viesse  ao encontro das preocupações, dos problemas, dos impasses do mundo atual mas que visasse muito para além das démarches salvacionistas e socorristas das militâncias que vemos em curso e afinal não conseguem pôr sistema nenhum, por mais lesivo que ele se tenha já revelado, em causa……. que visasse antes uma volta tão absoluta na maneira de olhar para o mundo que ela viesse a constituir um salto quântico, uma mutação, um clinamen capaz de inspirar um quadro de  relações do homem com o resto da criação e com o mundo em geral  muito diferentes daquelas que o programa humanista desenhou para o futuro do mundo, a ponto de lhe estar agora a perturbar o presente de uma maneira que assusta a todos………..  que reapontasse a práticas diferentes que até talvez acabassem por convir a todos, mesmo àqueles que só querem é tirar proveito do domínio de tudo………….  um programa, enfim, que quanto mais não fosse criasse  a possibilidade de autorizar que alguém pudesse ensaiar,  experimentar, tentar, ver o que poderá talvez esclarecer-se dentro do que é imediatamente possível averiguar sem fazer muito barulho nem gastar muito dinheiro…………… permitisse tão-só talvez, sei lá, colocar alguns estudiosos a rever ao menos tudo o que está fixado, recolhido, escrito sobre as culturas outras…… novas leitura que permitissem novas extrações a partir dos mesmos materiais……… não haverá nada desprezado antes mas a extrair agora do paradigma animista, por exemplo, conforme as novas visões, as novas questões e os novos interesses que se impõem neste momento ao mundo ?……… talvez assim os personagens do livro que ando escrevendo encontrassem então terreno propício para propor o seu herói tutelar, esse Nambalisita herói ecológico e da alma comum que é homem e herói fora da condição humanista e de uma genealogia divina que até agora só foi dizendo respeito aos homens de certas cores e de certa cultura e lhes foi conferindo autoridade e legitimidade para irem controlando e regulando tudo, a criação inteira, incluindo os homens de outras cores…….

….e talvez  eu viesse então finalmente a encontrar fundamentos para formular em definitivo aquilo que ando a visar e a prometer há muito : um manifesto neo-animista proposto ao mundo inteiro como uma das vias da tal volta paradigmática e pragmática capaz de conferir lugar e sentido a todas as existências, divinas, biológicas e minerais até………

Intervenção na Conferência da Gulbenkian a 27 /10/2008, Podemos viver sem o outro?, vários autores, Tinta da China/Fundação Calouste Gulbenkian, 2008, republicado no BUALA

quinta-feira, 27 de setembro de 2018

This is America, Childish Gambino (explained)


Vídeo original da música aqui.

Pensar cultura e comunicação no século XXI


A interculturalidade tem lugar quando duas ou mais culturas entram em interacção de uma forma horizontal e sinérgica. Para tal, nenhum dos grupos se deve encontrar acima de qualquer outro que seja, favorecendo assim a integração e a convivência das pessoas.
A educação multi-intercultural é uma necessidade e uma exigência da sociedade actual.

É imperioso repensar o papel da Sociedade, do Estado e das instituições educativas e a acção dos educadores e dos professores neste contexto económico, social e político mais complexo, trespassado por desigualdades e exclusões dos mais variados tipos, nomeadamente as que se relacionam com a identidade e a diversidade. Falamos da educação para os valores, para a paz, para a cidadania, para os direitos humanos e igualdade de oportunidades, para a tolerância e convivência, de educação anti-racista e anti-xenófoba, etc. - Educação multi-intercultural. Porém, no nosso dia-adia, somos, amiúde, confrontados com estereótipos e preconceitos, com manifestações de intolerância, marginalização, racismo, xenofobia nos mais variados espaços sociais. 

"Nenhum destes defensores da excepcionalidade lusitana incorpora na sua análise dados quantitativos e qualitativos relativos à segregação territorial, à violência policial racista, à discrepância no trajecto escolar e académico entre a maioria da sociedade e estas comunidades, à diferença abissal da taxa de encarceramento observada entre estas comunidades e o resto da sociedade, às diferenças salariais entre os sujeitos racializados e a maioria da sociedade, à sua ausência nos espaços de poder real ou simbólico, e também não fazem uma análise das representações racistas e colonialistas nos manuais escolares."  (Mamadou Ba)

"O estado de emergência em que vivemos não é a exceção, mas a regra. Temos de nos ater a um conceito de história que corresponda a esta visão”. (Walter Benjamin
)

Memória histórica, movimentos globais e violência


Deixamos o link para uma conversa entre Paul Gilroy e Arjun Appadurai subordinada ao tema: "Memória histórica, movimentos globais e violência", da qual fica uma apresentação.

Esta entrevista foi feita a fim de dar uma oportunidade para que esses dois pensadores, oriundos de diferentes disciplinas, mas cujas obras convergem em certas temáticas centrais, apresentassem uma discussão para uma audiência mais ampla sobre os temas e indagações que motivam seu trabalho atual. A obra de Paul Gilroy é conhecida como referência central da análise contemporânea da "raça" e do racismo. Em termos amplos, ele escreve sobre a constituição histórica da raça e a mobilidade das formas de racismo no tempo e no espaço. A obra de Arjun Appadurai vem da antropologia, e ele tem um interesse específico e permanente nos estudos sobre o Sul da Ásia. Tem grande influência na exploração de novos modos de conceituar os processos de formação do conhecimento antropológico. Embora os dois compartilhem certos interesses centrais, essas conexões não são explicitadas em seus escritos. Esta entrevista, realizada em Londres durante a visita de Arjun Appadurai em 1997, foi uma oportunidade de reunir os dois autores para discutir os temas e conexões que ambos exploram de diferentes maneiras, mas com motivações teóricas e políticas semelhantes. Em particular, eu queria questiona-los os temas que penso que constituem o centro crítico dos estudos culturais: a política da memória, a teorização dos deslocamentos e os novos conceitos de espacialidade, a crítica da autenticidade e os modos de teorizar a corporificação; e também sobre as direções convergentes em seu trabalho atual, especialmente em torno das noções das ações extremas, da guerra e da violência. 

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Sugestões de filmes


BABEL  (França-EUA-México), 2007
Realizador: Alejandro González Iñarritu  

Sinopse:
Um autocarro repleto de turistas atravessa uma região montanhosa em Marrocos. Entre os viajantes estão Richard (Brad Pitt) e Susan (Cate Blanchett), um casal de americanos. Perto do percurso do autocarro, os meninos Ahmed (Said Tarchani) e Youssef (Boubker At El Caid) brincam com uma espingarda que o pai lhes deu para protegerem a pequena criação de cabras da família. Um dos tiros que disparam ao acaso nas montanhas atinge o autocarro, ferindo Susan. A partir daí o filme mostra como este facto afeta a vida de pessoas em vários pontos diferentes do mundo: nos Estados Unidos, onde Richard e Susan deixaram os seus filhos ao cuidado da ama mexicana; no Japão, onde um homem (Kôji Yakusho) tenta superar a morte trágica da sua mulher e ajudar a filha surda (Rinko Kinkuchi) a aceitar a perda; no México, para onde a ama (Adriana Barraza) acaba levando os filhos do casal americano; e ali mesmo, em Marrocos, onde a polícia passa a procurar suspeitos de um ato terrorista.



O VISITANTE  (EUA), 2009  
Realizador: Tom Mccarthy

Sinopse:
Walter Vale (Richard Jenkins) é um professor universitário de 62 anos, que não tem um objetivo na vida. Solitário desde o falecimento da sua esposa, ele permanece na universidade em que trabalha e finge ser co-autor de livros que nem lê. Um dia é enviado para uma conferência em Nova York, já que a autora de um destes livros está impossibilitada de comparecer. Reticente a princípio, mas sem escapatória, Walter viaja. Ele resolve ficar no seu apartamento na cidade, que já não visita há vários meses. Porém ao chegar descobre que o local agora abriga um casal de imigrantes ilegais, formado pelo sírio Tarek (Haaz Sleiman) e a senegalesa Zainab (Danai Jekesai).



 A TURMA  (FRANÇA), 2009
Realizador: Laurent Cantet

Sinopse
François Marin (François Bégaudeau) trabalha como professor de língua francesa numa escola de ensino secundário, localizada na periferia de Paris. Ele e os seus colegas professores buscam apoio mútuo na difícil tarefa de fazer com que os alunos aprendam algo ao longo do ano letivo. François tenta estimular os seus alunos, mas o descaso e a falta de educação são grandes obstáculos.


NO CORAÇÃO DA ESCURIDÃO (EUA), 2017
Realizador: Paul  Schrader

Sinopse
Ernest Toller (Ethan Hawke) é um ex-militar que, após a morte do filho na Guerra do Iraque, se refugiou na fé. É assim que, tornado pastor, acaba por ser colocado numa pequena localidade a norte de Nova Iorque. Lá, conhece Mary (Amanda Seyfried), uma jovem a atravessar um momento difícil com o marido, um ambientalista radical. Através deles, Toller descobre uma série de negócios obscuros entre a Igreja que representa e algumas empresas pouco escrupulosas da região. Ao perceber a sua impotência para resolver o caso, o reverendo vê-se a colocar em causa as suas mais profundas convicções.



O INSULTO   (FRANÇA – CHIPRE – EUA – BÉLGICA – LÍBANO), 2017
Realizador: Ziad Doueiri

Sinopse
Beirute. Toni (Adel Karam) é um cristão libanês que rega diariamente as plantas da sua varanda e um dia, acidentalmente, molha Yasser (Kamel El Basha), um refugiado palestiniano. Assim começa um intenso desacordo que evolui para julgamento com ampla cobertura mediática e toma dimensão nacional.



AS SERVIÇAIS      (EUA), 2016
Realizador: Tate Taylor

Sinopse
A acção passa-se em Jackson, uma pequena cidade no estado do Mississipi, nos anos 1960. Skeeter (Emma Stone) é uma rapariga de classe alta que está determinada em tornar-se escritora. Ela começa a entrevistar as mulheres negras da cidade, que deixaram as suas vidas para trabalhar na criação dos filhos da elite branca, da qual a própria Skeeter faz parte. Aibileen Clark (Viola Davis), a emprega da melhor amiga de Skeeter, é a primeira a conceder uma entrevista, o que desagrada a toda a comunidade. Apesar das críticas, Skeeter e Aibileen continuam trabalhando juntas e, aos poucos, conseguem novas entrevistas.



INVICTUS (EUA), 2009   
Realizador: Clint Eastwood

Sinopse
Recentemente eleito presidente, Nelson Mandela (Morgan Freeman) tinha consciência de que a África do Sul continuava a ser um país racista e economicamente dividido, em decorrência do apartheid. A proximidade do Campeonato do Mundo de Rêguebi, pela primeira vez realizada no país, fez com que Mandela resolvesse usar o desporto para unir a população. Para tanto chama para uma reunião Francois Pienaar (Matt Damon), capitão da equipa sul-africana, e o incentiva para que a seleção nacional seja campeã.



UMA MULHER NÃO CHORA  (FRANÇA – ALEMANHA), 2018
Realizador: Fatih Akin

Sinopse
Após cumprir pena por tráfico de drogas, o turco Nuri Sekerci (Numan Acar) leva uma vida amorosa e tranquila com a esposa Katja Sekerci (Diane Kruger) e o filho Rocco na Alemanha. Certo dia ele e o menino estão no escritório e morrem vítimas de uma explosão criminosa, tragédia que deixa Katja desesperada. Ela recorre aos tribunais para procurar a punição dos culpados – que se vem a saber ser um casal neonazi – e, insatisfeita com o desenrolar do caso, decide-se pela vingança pelas as próprias mãos.



INCENDIES – A MULHER QUE CANTA  (CANADÁ), 2011 
Realizador: Denis Villeneuve

Sinopse
Jeanne (Mélissa Désormeaux-Poulin) e Simon (Marwan Maxim) são irmãos gémeos e acabaram de perder a mãe, Nawal Marwan (Lubna Azabal). Eles vão ao escritório do notário Jean Lebel (Rémy Girard) para saber informações sobre o testamento. No documento, Nawal pede que seja enterrada sem caixão, nua e de costas, sem que haja qualquer lápide em seu túmulo. Ela deixa também dois envelopes, um a ser entregue ao pai dos gémeos e outro para o irmão deles. Apenas após a entrega de ambos é que Jeanne e Simon receberão um envelope endereçado a eles e será possível colocar uma lápide. Só que Jeanne e Simon nada sabem sobre a existência de um irmão e acreditavam que seu pai estava morto. É o início de uma jornada em busca do passado da mãe, que os leva até a Palestina.



HUMANO –UMA VIAGEM PELA VIDA (FRANÇA), 2016
Realizador: Yann Arthus Bertrand  (Documentário)

Sinopse
Com testemunhos e imagens aéreas exclusivas, o introspectivo documentário aborda quem nós somos hoje em dia. Não só como comunidade, mas como indivíduos. Através das guerras, descriminações e desigualdades, confrontamos a realidade que também contempla discursos de solidariedade. Uma reflexão do futuro que queremos para nós, seres humanos, e o planeta.

   

VEDAÇÕES (EUA), 2017
Realizador: Denzel Washington

Sinopse
Anos 1950. Troy Maxson (Denzel Washington) tem 53 anos e mora com a esposa, Rose (Viola Davis), e o filho mais novo, Cory (Jovan Adepo). Ele trabalha recolhendo lixo das ruas e tenta há muito tempo ser promovido ao cargo de motorista do camião do lixo. Troy sente um profundo rancor por não ter conseguido, quando era mais jovem, jogador profissional de baseball, devido à cor da sua pele, e por causa disto não quer que o filho persiga a carreira de atleta. Isto faz com que o jovem confronte o pai quando um agente desportivo está prestes a ser enviado para observar Cory nos treinos de futebol americano.




MEIO SOL AMARELO (REINO UNIDO – NIGÉRIA) 2013
Realizador: Biyi Bandele

Sinopse
As gémeas Olanna (Thandie Newton) e Kainene (Anika Noni Rose) são uma exceção na Nigéria, seu país natal, pois cresceram numa família rica e foram estudar para Inglaterra. Quando regressam, escolhem caminhos muito diferentes. Olanna decide ir morar com o amante, Odenigbo (Chiwetel Ejiofor), e acaba por ter problemas com a família, enquanto Kainene conquista o sucesso profissional como empresária e se apaixona pelo escritor inglês Richard (Joseph Mawle). Os acontecimentos da guerra civil nigeriana colocam em questão o futuro das irmãs.



MOONLIGHT  (EUA) 2017
Realizador:  Barry Jenkins

Sinopse
Três momentos da vida de Chiron, um jovem negro morador de uma comunidade pobre de Miami. Do bullying na infância, passando pela crise de identidade da adolescência e a tentação do universo do crime e das drogas, este é um poético estudo de personagem.



MANDELA- LUTA PELA LIBERDADE   (Reino Unido, África do Sul, Bélgica, Luxemburgo, Alemanha, França, Itália) 
Realizador: Bille August

Sinopse
James Gregory (Joseph Fiennes) é um típico branco sul-africano, que vê os negros como seres inferiores, assim como a maioria da população branca que vivia na África do Sul sob o apartheid dos anos 60. Crescido no interior, ele fala bem o dialeto Xhosa. Exatamente por isso, não é um carcereiro comum: atua, na verdade, como espião do governo com a missão de repassar informações do grupo de Nelson Mandela (Dennis Haysbert).


DEAR WHITE PEOPLE (EUA, série Netflix, 2017)
É uma série de televisão satírica americana baseada no filme de 2014 com o mesmo nome. A série acompanha um grupo de estudantes negros de uma importante universidade dos Estados Unidos, pertencente à Ivy League, cuja maioria dos alunos é branca. Dear White People retrata como esses personagens lidam com o racismo no campus da universidade. Depois de uma festa de Halloween, com a temática blackface, organizada por um grupo de alunos brancos, várias tensões raciais se desenrolam no ambiente académico. São 10 episódios, cada um focando um dos personagens centrais, incluindo Sam White (Logan Browning), a criadora do programa de rádio que dá nome à série.



SOBRE MULTICULTURALISMO

Valores e Cultura - a diversidade e o diálogo de culturas

ALBERTO MANGUEL

MULTICULTURALISMO

MULTICULTURALISMO NO BRASIL

Brasil, exemplo de Multiculturalismo

O que é o "multiculturalismo"?

Sobre Interculturalidade

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Programa de Comunicação Intercultural 2018-2019

1.Nome da unidade curricular
Comunicação Intercultural
Intercultural Communication

2.Ciclo de estudos
1.º

3.Docente responsável e respectivas horas de contacto na unidade curricular (preencher o nome completo)
Ana Paula Ribeiro Tavares— 45 TP + 30 O

5.Objectivos de aprendizagem (conhecimentos, aptidões e competências a desenvolver pelos estudantes)
O objectivo da UC é fornecer a base teórica para uma abordagem sustentada a questões de
estudos culturais. Considerando-se o modo como o conceito tradicional de cultura tem vindo a ser objecto de questionamento e a forma como a identidade é entendida menos como um dado do que um processo complexo de identificação, a análise de processos de contacto e de intercâmbio cultural tem de ser consequentemente revista, bem como a própria noção de interculturalidade. Estas abordagens são articuladas com a análise de práticas culturais concretas, das quotidianas às artísticas, incluindo questões de cidadania, afim de fornecer aos estudantes as competências que lhes permitam uma abordagem prática a estes tópicos que não descure o elemento teórico-reflexivo. No final do semestre os estudantes deverão estar aptos a aplicar os seus conhecimentos.


5.Learning outcomes of the curricular unit

LOs of the CU are the capacity to apply a theoretically sustained approach to issues of intercultural communication, with a special emphasis on contributions from cultural anthropology and cultural studies. Based on the notion that the concept of culture itself has been subject to critical approaches, and that identity is less a given than a complex process of identification, the analysis of processes of cultural contact and exchange has to be revised, as well as the notion of interculturality itself. These approaches are articulated with concrete cultural practices on several levels, from everyday life to artistic initiatives, as well as questions of citizenship, thereby contributing to an approach to issues of interculturality that provides students with skills that will enable a hands-on approach to these topics framed by a reflective theoretical apparatus. At the end of the semester students are expected to be able to apply their knowledge to concrete situations and problematics.



6.Conteúdos programáticos
Comunicao intercultural
1.1. Problematização do conceito.
1.2. Comunicacão e ‘diferença’.
1.3. Cultura como diferença: Hierarquia e igualdade.
1.4. A produção da diferença
2. Interculturalidade/ Transculturalidade
2.1. Antropologia e situação colonial
a. Antropologia e subjectividade
b. Cultura e mudança
c. Antropologia e produção da diferença
2.2. Produção da diferença, hierarquias e fronteiras
a. Crise da representação etnográfica e pós-colonial idade
b. Transculturação na zona de contacto
c. Auto-etnografia, representação e poder
3. Diferença, estereótipo e representação
3.1.Racismo, corpo, desejo e ambivalência.
3.2. Raça e cultura
3.3.O Oriente como ‘diferença’
3.4.Representação e imagem
a. Representação e linguagem
b. Representação e poder
c. Estereótipos e sua genealogia
d. Contrariar estereótipos
4. Diferença, subalternidade, cidadania
4.1.Cidadania e civilidade
4.2.Cidadania e imigração: o direito a ter direitos


6.Syllabus

1. Intercultural communication.

1.1. Problematization of the concept

1.2.Communication and ‘difference.’

1.3.Culture and ‘difference’. Hierarchy and equality.

1.4.The production of ‘difference.’

2. Interculturality/ Transculturality

2.1. Anthropology and the colonial situation

a. Anthropology and subjectivity

b. Culture and change

c. Anthropology and the production of difference

2.2. Production of difference, hierarchies and borders

a. The crisis of ethnographic representation and the post-colonial condition

b. Transculturation in the contact zone

c. Auto-ethnography, representation and power

3. Difference, stereotype and representation

3.1.Racism, embodiment, desire, and ambivalence.

3.2.Race and culture

3.3.The Orient as ‘difference’

3.4.Representation and the visual

a. Representation and language

b. Representation and power

c. Genealogy of stereotypes

d.Countering stereotypes

4. Difference, subalternity, citizensh

4.1.Citizenship and civility.

4.2.Citizenship and immigration: the right to have rights


7.Demonstração da coerência dos conteúdos programáticos com os objectivos de aprendizagem da unidade curricular
A UC apresenta os principais conceitos, ao mesmo tempo que os contextualiza com exemplos concretos, enquadrando-os historicamente e considerando o emergir da antropologia em contextos coloniais bem como o seu questionamento a partir de uma perspectiva pós-colonial. Os pressupostos teóricos fornecem os fundamentos que permitirão aos alunos analisar exemplos concretos, evitando a armadilha da exoticização da diferença. A Unidade 1 é complementada com materiais audiovisuais para possibilitar o debate em torno de exemplos articulados com as teorias apresentadas. Unidade 2: concentra-se na ideia de cultura como diferença, segundo a antropologia cultural, simultaneamente considerando tendências afins surgidas nos estudos culturais, nomeadamente a partir de uma perspectiva pós-colonial. A Unidade 3 aborda o conceito de representação, a sua poética - o seu sistema de significação - e a sua política, fornecendo uma ferramenta decisiva para se abordar a questão do estereótipo, tendo em conta o seu poder e impacto. Exemplos, extraídos predominantemente do cinema e da cultura visual, desempenham um papel central. As questões associadas também com a imigração, identidade nacional e cidadania na Europa serão o principal tema da Unidade 4.


7. Demonstration of the syllabus coherence with the curricular unit's objectives

The CU starts with the main concepts to be used, while contextualising them with recourse to precise examples, and framing them within a historical approach that considers the emergence of anthropology in colonial settings, as well as its questioning from a postcolonial perspective. The theoretical, reflective presuppositions will provide the foundation that will allow students to analyse concrete examples and avoid the trap of exoticizing difference. Unit 1 is complemented by visual materials, so as to facilitate discussions on examples to be articulated with the presented theories. Unit 2 concentrates on the idea of culture as difference developed in some tendencies in cultural anthropology, while also considering similar approaches that emerged in cultural studies, namely from a post-colonial perspective. Unit 3 introduces the concept of representation and its poetics- as a system of signification- and politics - as a way of exerting or accepting power -, thereby providing a decisive tool to address the question of stereotyping. Examples derived from film, and visual culture thus play a main role in the seminars. Issues linked to immigration, national identity and citizenship in Europe will be major topics in the last Unit (4).



8.Metodologias de ensino (avaliação incluída)
As MEs associam uma abordagem teórica com exemplos concretos e o envolvimento dos estudantes na sua análise, através da leitura dos textos obrigatórios. É fundamental a participação oral e o trabalho em grupo, como ponto de partida para um pensamento crítico e dialogante. Os trabalhos escritos visam desenvolver as capacidades argumentativas dos alunos e o confronto crítico com posições teóricas, pensadas a partir da necessidade de as aplicar em contextos precisos. O material de apoio são disponibilizados através de uma plataforma online. O acompanhamento dos alunos é feito nas aulas, através da partilha de informação na plataforma ou do atendimento individual/em grupo. A avaliação compõe-se de 3 elementos: a) participação oral 30%; b) prova presencial escrita: comentário crítico a um excerto/imagens ou o desenvolvimento de uma argumentação consistente a partir de uma questão precisa 35%; c) trabalho final escrito sobre um texto ou tópico previamente acordado com o docente.


8.Teaching methodologies (including evaluation)

TMs associate a theoretical approach with concrete examples and the involvement of students through a close reading of the assigned. Oral participation and discussion in groups are fundamental for a critical, dialoguing thinking. Written assignments are intended to develop the students’ argumentative capacities and their critical engagement with theoretical positions, backed up by the need to apply them, and test them in precise contexts. Support material will be made available through an online platform. Tutoring takes place during seminars, through information shared through the online platform and by meeting students individually or in small groups. Evaluation consists of 3 elements: a) oral participation (30%), b) written assignment in class consisting of a critical commentary of text excerpts, images or the development of a sustained argument departing from a precise question (35%); c) final written assignment on a text or topic formerly agreed with the instructor (35%).


9.Demonstração da coerência das metodologias de ensino com os objectivos de aprendizagem da unidade curricular
As ME conferem importância decisiva à leitura minuciosa dos textos teóricos, associando-a a exemplos práticos, ilustrativos, dos tópicos abordados, questão de
importância maior num campo em que a experiência e as práticas concretas, quotidianas
fornecem o pano de fundo a partir do qual os tópicos deverão ser abordados e explorados criticamente. As secções principais são planeadas de acordo com esta perspectiva, partindo de uma reflexão crítica acerca da própria noção de interculturalidade. As tarefas atribuídas aos estudantes tomam este ponto de partida em consideração, ao fornecerem as ferramentas teóricas e metodológicas necessárias para a análise de fenómenos contemporâneos, permitindo-lhes desenvolver um pensamento autónomo sobre as questões abordadas.

9.Demonstration of the coherence between the teaching methodologies and the learning outcomes

TMs accord decisive importance to the close reading of theoretical texts, while also giving particular attention to practical, illustrative examples, a method which is of paramount importance in a field in which concrete, everyday experiences and practices provide the backdrop against which the topics are to be addressed and critically explored. The main sections are accordingly planned, departing from a critical approach to the issue of interculturality itself. The tasks assigned to students take this into consideration providing the theoretical and methodological tools to analyse contemporary phenomena and develop a reflective, autonomous thinking on the issues addressed. 

10.Bibliografia

Livros:
Balibar, Etienne. 2005. We the People of Europe. Princeton, Oxford: PUP.
Benhabib, Seyla. 2005. Another Cosmopolitanism. Oxford: OUP.
Bhabha, Homi K. 1994. The Location of Culture. London, New York: Routledge.
Clifford, James. 1988. The Predicament of Culture. Cambridge, MA, London: HUP.
Fox, Richard, G., Barbara J. King. Eds. 2002. Anthropology beyond Culture. Oxford, New York: Berg.
Geertz, Clifford. 1973. The Interpretation of Cultures. New York: Basic Books.
Gilroy, Paul. 1993. The Black Atlantic. London: Routledge.
Hall, Stuart. 1997. Ed. Representation. Cultural Representations and Signifying Practices. London: Sage.
Herzfeld, Michael. 2001. Anthropology: Theoretical Practice in Culture and Society. Oxford: Blackwell.
Rosaldo Renato.1993. Culture and Truth. The Remaking of Social Analysis. Boston: Beacon Press.
Sanches, Manuela Ribeiro. 2005. Deslocalizar a Europa. Lisboa: Cotovia.

Filmes:
London River (2009); Balada de um Batráquio (2016); I Am not your Negro (2016)

(ATENÇÃO: Serão acrescentadas novas sugestões em breve)


11.Tempo de atendimento de alunos / Office hours
Duas horas semanais/ Two hours week
Sempre que for necessário e solicitado pelo aluno/ whenever booked with the student.




Mulheres negras: moldando a teoria feminista, por bell hooks

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