segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Programa de Comunicação Intercultural 2019/2020

1.Nome da unidade curricular
Comunicação Intercultural
Intercultural Communication

2.Ciclo de estudos
1.º

3.Docente responsável e respectivas horas de contacto na unidade curricular (preencher o nome completo)
Ana Paula Ribeiro Tavares— 45 TP + 30 O

5.Objectivos de aprendizagem (conhecimentos, aptidões e competências a desenvolver pelos estudantes)
O objectivo da UC é fornecer a base teórica para uma abordagem sustentada a questões de
estudos culturais. Considerando-se o modo como o conceito tradicional de cultura tem vindo a ser objecto de questionamento e a forma como a identidade é entendida menos como um dado do que um processo complexo de identificação, a análise de processos de contacto e de intercâmbio cultural tem de ser consequentemente revista, bem como a própria noção de interculturalidade. Estas abordagens são articuladas com a análise de práticas culturais concretas, das quotidianas às artísticas, incluindo questões de cidadania, afim de fornecer aos estudantes as competências que lhes permitam uma abordagem prática a estes tópicos que não descure o elemento teórico-reflexivo. No final do semestre os estudantes deverão estar aptos a aplicar os seus conhecimentos.


5.Learning outcomes of the curricular unit
LOs of the CU are the capacity to apply a theoretically sustained approach to issues of intercultural communication, with a special emphasis on contributions from cultural anthropology and cultural studies. Based on the notion that the concept of culture itself has been subject to critical approaches, and that identity is less a given than a complex process of identification, the analysis of processes of cultural contact and exchange has to be revised, as well as the notion of interculturality itself. These approaches are articulated with concrete cultural practices on several levels, from everyday life to artistic initiatives, as well as questions of citizenship, thereby contributing to an approach to issues of interculturality that provides students with skills that will enable a hands-on approach to these topics framed by a reflective theoretical apparatus. At the end of the semester students are expected to be able to apply their knowledge to concrete situations and problematics.


6.Conteúdos programáticos
Comunicao intercultural
1.1. Problematização do conceito.
1.2. Comunicacão e ‘diferença’.
1.3. Cultura como diferença: Hierarquia e igualdade.
1.4. A produção da diferença
2. Interculturalidade/ Transculturalidade
2.1. Antropologia e situação colonial
a. Antropologia e subjectividade
b. Cultura e mudança
c. Antropologia e produção da diferença
2.2. Produção da diferença, hierarquias e fronteiras
a. Crise da representação etnográfica e pós-colonial idade
b. Transculturação na zona de contacto
c. Auto-etnografia, representação e poder
3. Diferença, estereótipo e representação
3.1.Racismo, corpo, desejo e ambivalência.
3.2. Raça e cultura
3.3.O Oriente como ‘diferença’
3.4.Representação e imagem
a. Representação e linguagem
b. Representação e poder
c. Estereótipos e sua genealogia
d. Contrariar estereótipos
4. Diferença, subalternidade, cidadania
4.1.Cidadania e civilidade
4.2.Cidadania e imigração: o direito a ter direitos


6.Syllabus
1. Intercultural communication.
1.1. Problematization of the concept
1.2.Communication and ‘difference.’
1.3.Culture and ‘difference’. Hierarchy and equality.
1.4.The production of ‘difference.’
2. Interculturality/ Transculturality
2.1. Anthropology and the colonial situation
a. Anthropology and subjectivity
b. Culture and change
c. Anthropology and the production of difference
2.2. Production of difference, hierarchies and borders
a. The crisis of ethnographic representation and the post-colonial condition
b. Transculturation in the contact zone
c. Auto-ethnography, representation and power
3. Difference, stereotype and representation
3.1.Racism, embodiment, desire, and ambivalence.
3.2.Race and culture
3.3.The Orient as ‘difference’
3.4.Representation and the visual
a. Representation and language
b. Representation and power
c. Genealogy of stereotypes
d.Countering stereotypes
4. Difference, subalternity, citizensh
4.1.Citizenship and civility.
4.2.Citizenship and immigration: the right to have rights


7.Demonstração da coerência dos conteúdos programáticos com os objectivos de aprendizagem da unidade curricular
A UC apresenta os principais conceitos, ao mesmo tempo que os contextualiza com exemplos concretos, enquadrando-os historicamente e considerando o emergir da antropologia em contextos coloniais bem como o seu questionamento a partir de uma perspectiva pós-colonial. Os pressupostos teóricos fornecem os fundamentos que permitirão aos alunos analisar exemplos concretos, evitando a armadilha da exoticização da diferença. A Unidade 1 é complementada com materiais audiovisuais para possibilitar o debate em torno de exemplos articulados com as teorias apresentadas. Unidade 2: concentra-se na ideia de cultura como diferença, segundo a antropologia cultural, simultaneamente considerando tendências afins surgidas nos estudos culturais, nomeadamente a partir de uma perspectiva pós-colonial. A Unidade 3 aborda o conceito de representação, a sua poética - o seu sistema de significação - e a sua política, fornecendo uma ferramenta decisiva para se abordar a questão do estereótipo, tendo em conta o seu poder e impacto. Exemplos, extraídos predominantemente do cinema e da cultura visual, desempenham um papel central. As questões associadas também com a imigração, identidade nacional e cidadania na Europa serão o principal tema da Unidade 4.


7. Demonstration of the syllabus coherence with the curricular unit's objectives
The CU starts with the main concepts to be used, while contextualising them with recourse to precise examples, and framing them within a historical approach that considers the emergence of anthropology in colonial settings, as well as its questioning from a postcolonial perspective. The theoretical, reflective presuppositions will provide the foundation that will allow students to analyse concrete examples and avoid the trap of exoticizing difference. Unit 1 is complemented by visual materials, so as to facilitate discussions on examples to be articulated with the presented theories. Unit 2 concentrates on the idea of culture as difference developed in some tendencies in cultural anthropology, while also considering similar approaches that emerged in cultural studies, namely from a post-colonial perspective. Unit 3 introduces the concept of representation and its poetics- as a system of signification- and politics - as a way of exerting or accepting power -, thereby providing a decisive tool to address the question of stereotyping. Examples derived from film, and visual culture thus play a main role in the seminars. Issues linked to immigration, national identity and citizenship in Europe will be major topics in the last Unit (4).


8.Metodologias de ensino (avaliação incluída)
As MEs associam uma abordagem teórica com exemplos concretos e o envolvimento dos estudantes na sua análise, através da leitura dos textos obrigatórios. É fundamental a participação oral e o trabalho em grupo, como ponto de partida para um pensamento crítico e dialogante. Os trabalhos escritos visam desenvolver as capacidades argumentativas dos alunos e o confronto crítico com posições teóricas, pensadas a partir da necessidade de as aplicar em contextos precisos. O material de apoio são disponibilizados através de uma plataforma online. O acompanhamento dos alunos é feito nas aulas, através da partilha de informação na plataforma ou do atendimento individual/em grupo. A avaliação compõe-se de 3 elementos: a) participação oral 30%; b) prova presencial escrita: comentário crítico a um excerto/imagens ou o desenvolvimento de uma argumentação consistente a partir de uma questão precisa 35%; c) trabalho final escrito sobre um texto ou tópico previamente acordado com o docente.


8.Teaching methodologies (including evaluation)
TMs associate a theoretical approach with concrete examples and the involvement of students through a close reading of the assigned. Oral participation and discussion in groups are fundamental for a critical, dialoguing thinking. Written assignments are intended to develop the students’ argumentative capacities and their critical engagement with theoretical positions, backed up by the need to apply them, and test them in precise contexts. Support material will be made available through an online platform. Tutoring takes place during seminars, through information shared through the online platform and by meeting students individually or in small groups. Evaluation consists of 3 elements: a) oral participation (30%), b) written assignment in class consisting of a critical commentary of text excerpts, images or the development of a sustained argument departing from a precise question (35%); c) final written assignment on a text or topic formerly agreed with the instructor (35%).


9.Demonstração da coerência das metodologias de ensino com os objectivos de aprendizagem da unidade curricular
As ME conferem importância decisiva à leitura minuciosa dos textos teóricos, associando-a a exemplos práticos, ilustrativos, dos tópicos abordados, questão de
importância maior num campo em que a experiência e as práticas concretas, quotidianas
fornecem o pano de fundo a partir do qual os tópicos deverão ser abordados e explorados criticamente. As secções principais são planeadas de acordo com esta perspectiva, partindo de uma reflexão crítica acerca da própria noção de interculturalidade. As tarefas atribuídas aos estudantes tomam este ponto de partida em consideração, ao fornecerem as ferramentas teóricas e metodológicas necessárias para a análise de fenómenos contemporâneos, permitindo-lhes desenvolver um pensamento autónomo sobre as questões abordadas.

9.Demonstration of the coherence between the teaching methodologies and the learning outcomes
TMs accord decisive importance to the close reading of theoretical texts, while also giving particular attention to practical, illustrative examples, a method which is of paramount importance in a field in which concrete, everyday experiences and practices provide the backdrop against which the topics are to be addressed and critically explored. The main sections are accordingly planned, departing from a critical approach to the issue of interculturality itself. The tasks assigned to students take this into consideration providing the theoretical and methodological tools to analyse contemporary phenomena and develop a reflective, autonomous thinking on the issues addressed. 

10.Bibliografia
Balibar, Etienne. 2005. We the People of Europe. Princeton, Oxford: PUP.
Benhabib, Seyla. 2005. Another Cosmopolitanism. Oxford: OUP.
Bhabha, Homi K. 1994. The Location of Culture. London, New York: Routledge.
Clifford, James. 1988. The Predicament of Culture. Cambridge, MA, London: HUP.
Fox, Richard, G., Barbara J. King. Eds. 2002. Anthropology beyond Culture. Oxford, New York: Berg.
Geertz, Clifford. 1973. The Interpretation of Cultures. New York: Basic Books.
Gilroy, Paul. 1993. The Black Atlantic. London: Routledge.
Hall, Stuart. 1997. Ed. Representation. Cultural Representations and Signifying Practices. London: Sage.
Herzfeld, Michael. 2001. Anthropology: Theoretical Practice in Culture and Society. Oxford: Blackwell.
Rosaldo Renato.1993. Culture and Truth. The Remaking of Social AnalysisBoston: Beacon Press.
Sanches, Manuela Ribeiro. 2005. Deslocalizar a Europa. Lisboa: Cotovia.
Filmes:
London River (2009); Balada de um Batráquio (2016); I Am not your Negro (2016)


11.Tempo de atendimento de alunos / Office hours
Duas horas semanais/ Two hours week

Sempre que for necessário e solicitado pelo aluno/ whenever booked with the student.

quinta-feira, 14 de março de 2019

"Black Mirror, Black Face" por Gisela Casimiro


Black Mirror, Black Face
Gisela Casimiro

Sou uma pessoa sensível. Tive, durante a maior parte da minha vida, um estômago de avestruz e uma pele que nunca me deu trabalho excepto pela cor que tenho. Não sou muito picuinhas com os produtos de beleza. A regra de ouro é hidratação completa, de cima a baixo, todos os dias. Aquele antigo ditado português que diz: put the cream, sabem? Sou discreta na minha sensibilidade, mesmo quando é a pele a sofrer. Mas a verdade é que a minha pele, o meu rosto, raras vezes são tela para maquilhagem, embora goste da dita e aprecie vê-la bem aplicada. Não tenho quase nenhuma, pelo menos comparando com a maioria das mulheres (e alguns homens), e guardo-a para ocasiões especiais; nunca faço uma make completa, escolho sempre as coisas mais básicas, e só tive uma embalagem de base na vida. Talvez por isso me recorde demasiado bem da primeira vez que fui maquilhada por uma amiga, antes de uma saída à noite; depois, por uma conselheira de beleza numa loja da especialidade (achei que não parecia eu em nenhuma das vezes), por maquilhadoras profissionais, que também trabalham em teatro, antes de participar num programa de televisão (adorei). Talvez seja como habituarmo-nos a ouvir a nossa voz gravada, melhora com o tempo. Não impede que saiba quais são as tendências, que conheça a linha de produtos de palete inclusiva de Rihanna, ou assista aos populares vídeos da Vogue, em que podemos ver celebridades como Pablo Vittar aplicar maquilhagem em dez ou quinze minutos (que nunca o são realmente, com todo o fast forward e as coisas que a dita diz já ter feito antes de começar a gravar).
O Carnaval passou. Este ano não o celebrei, mas reflecti bastante sobre. O melhor foi ver as fotos e vídeos dos filhos dos amigos, mascarados, e os filhos dos desconhecidos, nos comboios, na rua, em todo o lado. O pior foi ver escolas, como no caso de Matosinhos, em que professores e demais funcionários se mascararam de negros e, inclusive, foram dadas indicações aos alunos para irem vestidos como tal. É o negro ainda uma coisa, e coisa tão passível de ser objectificada e banalizada, que pode ser descaracterizada assim tão gratuitamente? Como pode uma criança africana ou afro descendente ir para a escola de negro, quando é negra o tempo todo e, mesmo se calha esquecer-se por um momento, e a achar-se apenas humana, a própria escola a recorda, limita, ostraciza?
Finalmente comprei uma máscara de carvão activado, algo que há muito me suscitava curiosidade, por este ingrediente ser agora usado em tudo e para tudo; confesso que, também, por me lembrar o black face. Em frente ao espelho, apliquei a dita seguindo meticulosamente as instruções da embalagem e, depois, removi-a, lentamente e sempre na mesma direcção. Saiu quase inteira. Pousei aquele retrato dermatológico na bancada do lavatório e pensei, eis a minha black face. A minha amiga Diana chama-lhe mask face (ela entende muito de maquilhagem). Achei o termo interessante, bem melhor que black face. Não conheço, de facto, nenhum negro, nem aqueles descritos como tendo um tom de pele preto-azulado, cuja fisionomia seja sequer próxima da daquele rosto inanimado que me olhava. Deitei-a fora e retive esta palavra: máscara.
Ainda se crê, em pleno 2019, que ser negro é uma fantasia para usar nos três dias de Carnaval, ou no Halloween. Pinta-se a cara porque dá menos trabalho do que pintar também as mãos e o resto, afinal nem é preciso prestar-se a tamanha cerimónia, isto é uma coisa temporária, o resultado fica à vista de todos, literalmente in your face. Agora sou negra, agora já não sou. Obrigada, água micelar. Obrigada, toalhita desmaquilhante. Se eu, por nunca usar maquilhagem, me esqueço dela quando a tenho, da minha identidade nunca me dispo nem esqueço. Se, há uns anos, desamiguei uma antiga colega do secundário por ter postado fotos, no seu Facebook, em que ela e uma colega de trabalho se mascaravam de negras, com caras pintadas de preto ou castanho escuro, perucas afro e nomes a quererem-se tribais, exóticos ou impronunciáveis, para completar os figurinos, hoje já não o faço. Outro dia, no espaço de minutos, vi uma foto de perfil de alguém mascarado de índio, a qual lhe mereceu inúmeros elogios e, depois, a foto de três pessoas, uma das quais conheço, vestidas de negras, não menos caricaturadas e caricatas do que a polémica vestimenta berbere de Madonna há uns meses numa cerimónia de prémios. Em sua defesa, a rainha da Pop disse (mas) “I love my dress”. E ninguém pode acusar Madonna de racismo, afinal tem mais filhos adoptivos (4, negros, do Malawi) do que biológicos (2).
Eu também sei que essas pessoas, as mascaradas no meu feed, adoram negros, adoram índios, e até têm amigos que são. Mas ofendem, insultam. Provavelmente mais por ignorância do que por qualquer outro motivo. Teimosia, também. Como se a afronta, por não ser intencional, tivesse de ser tolerada por quem é dela alvo. Poderia encontrar uma falsa lógica nestes episódios que mais lembram a série Black Mirror, por estas pessoas nunca terem convivido com membros da comunidade indígena e os mesmos lhes parecerem uma qualquer criação romanesca. Mas qual a desculpa para todas as outras etnias? As que andam por todo o lado? Ou não se repara nelas excepto quando se tenta, e mal, imitar quem nos parece ser e se quer considerar “todos iguais”? Os mesmos que continuamos a tratar de formas diferentes. Porque se o nosso primo ou a nossa avó não são um disfarce, porque é que mais alguém seria? E nós, somos? Ou vocês, que eu sendo negra já o sou, claramente. Acredito que temos de continuar a educar-nos uns aos outros, a explicar de forma mais ou menos directa as razões de índios e negros não serem fantasias de Carnaval (existe, no youtube, um vídeo excelente de Fernanda Carlone, que recomendo, por responder à pergunta “O que é o black face e qual é o mal?”, que muitas pessoas ainda fazem). Acredito que temos de denunciar, reportar, criticar. Acredito que aceitar a diferença é aceitar uma opinião diferente também, ainda que seja sobre a nossa/vossa boa intenção.
Recentemente, a Gucci retirou do mercado uma camisola de gola alta que subia até ao nariz, deixando um buraco na boca, delineada como se por um grosso batom vermelho. A Burberry achou engraçado criar uma linha de hoodies com nós de forca como colares. O público não entendeu a piada. Katy Perry criou uma linha de sapatos com caras africanas, negras e, arrisco dizer, albinas também, inspiradas talvez em peças de arte do continente. A Prada tinha um porta-chaves também considerado racista, a velha dicotomia macaco/negro. Ninguém viu o mal em nenhum destes produtos até terem sido postos à venda, talvez por não haver pessoas negras em posições suficientemente relevantes ou, de todo, nestas empresas, que se revoltassem e demonstrassem a razão de serem ofensivos. O público, no entanto, não perdoa, e a ameaça de boicote é real. O problema começa bem antes da criação: começa na contratação de conselheiros e designers de outras etnias, numa indústria ainda predominantemente branca, que possam interromper a sequer criação de tais peças e inspirar uma criatividade histórica, social e culturalmente consciente. Um outro problema é a compra e venda de marcas de sucesso criadas por africanos, a brancos, que o fazem como forma de acabar com a concorrência, no entanto aniquilando também marcas para todos em prol da continuação da expansão de marcas apenas para alguns. A responsabilidade é de todas as partes, pois o que afecta uma minoria afecta todas, e as minorias têm de saber que um legado é mais importante do que um lucro imediato.
Daqui a uns dias faço outra máscara. E quando é que eu posso trocar a minha pele por outra? Não que eu quisesse. Seria mais fácil? Com certeza. Seria melhor? Não. O melhor de cada um é o que cada um já é ou pode vir a ser. Eu não serei mais caucasiana do que alguma vez terei olhos azuis (os sapatos de Katy Perry têm-nos, curiosamente). No seu poema “A woman speaks”, Audre Lorde termina com “I am woman / and not white.” Que é como quem diz, há outras cores para seres humanos, e há outras cores para géneros. Há outras possibilidades para fantasias. Há, também, a necessidade de estarmos em contacto com a realidade, pois ela dura bem mais do que uma qualquer efeméride. Se o Carnaval é cultura e tradição, convém lembrar que ser-se humano não o é menos. Algumas homenagens não são senão hipocrisias e o perpetuar de histórias que são muito diferentes conforme quem as conta. No próximo ano, se Carnavalar não ofenda. O tempo passado em frente ao espelho a mascarar-se de alguém que nem existe talvez possa ser passado a olhar o outro e a tentar conhecer, ouvir, estar lá para quem é, não duvidem, bem real. Há coisas que não podemos nem devemos mudar. Mas façamos algo por aquelas que estão nas nossas mãos, nos nossos rostos e, sobretudo, nas nossas vozes e consciências. Porque há coisas que não podemos nem devemos aceitar.


Mulheres negras: moldando a teoria feminista, por bell hooks

  bell hooks Artigo completo:  (20) (PDF) bell hooks * Mulheres negras: moldando a teoria feminista Black women: shaping feminist theory | D...