quinta-feira, 21 de setembro de 2017
"Racismo e cultura", Frantz Fanon
Registamos aqui o link para um dos textos mais importantes da reflexão sobre o racismo e a cultura pertencente a Frantz Fanon, integrado no livro da sua autoria Em defesa da Revolução Africana (Lisboa: Sá da Costa, 1980).
Pensar cultura e comunicação no século XXI
A
interculturalidade tem lugar quando duas ou mais culturas entram em interacção
de uma forma horizontal e sinérgica. Para tal, nenhum dos grupos se deve
encontrar acima de qualquer outro que seja, favorecendo assim a integração e a
convivência das pessoas.
A educação multi-intercultural é uma necessidade e uma exigência
da sociedade actual.
É imperioso repensar o papel da Sociedade, do Estado e das instituições educativas e a acção dos educadores e dos professores neste contexto económico, social e político mais complexo, trespassado por desigualdades e exclusões dos mais variados tipos, nomeadamente as que se relacionam com a identidade e a diversidade. Falamos da educação para os valores, para a paz, para a cidadania, para os direitos humanos e igualdade de oportunidades, para a tolerância e convivência, de educação anti-racista e anti-xenófoba, etc. - Educação multi-intercultural. Porém, no nosso dia-adia, somos, amiúde, confrontados com estereótipos e preconceitos, com manifestações de intolerância, marginalização, racismo, xenofobia nos mais variados espaços sociais.
"Nenhum destes defensores da excepcionalidade lusitana incorpora na sua análise dados quantitativos e qualitativos relativos à segregação territorial, à violência policial racista, à discrepância no trajecto escolar e académico entre a maioria da sociedade e estas comunidades, à diferença abissal da taxa de encarceramento observada entre estas comunidades e o resto da sociedade, às diferenças salariais entre os sujeitos racializados e a maioria da sociedade, à sua ausência nos espaços de poder real ou simbólico, e também não fazem uma análise das representações racistas e colonialistas nos manuais escolares." (Mamadou Ba)
"O estado de emergência em que vivemos não é a exceção, mas a regra. Temos de nos ater a um conceito de história que corresponda a esta visão”. (Walter Benjamin)
Memória histórica, movimentos globais e violência
Deixamos o link para uma conversa entre Paul Gilroy e Arjun Appadurai subordinada ao tema: "Memória histórica, movimentos globais e violência", da qual fica uma apresentação.
Esta entrevista foi feita a fim de dar uma oportunidade para que esses dois pensadores, oriundos de diferentes disciplinas, mas cujas obras convergem em certas temáticas centrais, apresentassem uma discussão para uma audiência mais ampla sobre os temas e indagações que motivam seu trabalho atual. A obra de Paul Gilroy é conhecida como referência central da análise contemporânea da "raça" e do racismo. Em termos amplos, ele escreve sobre a constituição histórica da raça e a mobilidade das formas de racismo no tempo e no espaço. A obra de Arjun Appadurai vem da antropologia, e ele tem um interesse específico e permanente nos estudos sobre o Sul da Ásia. Tem grande influência na exploração de novos modos de conceituar os processos de formação do conhecimento antropológico. Embora os dois compartilhem certos interesses centrais, essas conexões não são explicitadas em seus escritos. Esta entrevista, realizada em Londres durante a visita de Arjun Appadurai em 1997, foi uma oportunidade de reunir os dois autores para discutir os temas e conexões que ambos exploram de diferentes maneiras, mas com motivações teóricas e políticas semelhantes. Em particular, eu queria questiona-los os temas que penso que constituem o centro crítico dos estudos culturais: a política da memória, a teorização dos deslocamentos e os novos conceitos de espacialidade, a crítica da autenticidade e os modos de teorizar a corporificação; e também sobre as direções convergentes em seu trabalho atual, especialmente em torno das noções das ações extremas, da guerra e da violência.
Esta entrevista foi feita a fim de dar uma oportunidade para que esses dois pensadores, oriundos de diferentes disciplinas, mas cujas obras convergem em certas temáticas centrais, apresentassem uma discussão para uma audiência mais ampla sobre os temas e indagações que motivam seu trabalho atual. A obra de Paul Gilroy é conhecida como referência central da análise contemporânea da "raça" e do racismo. Em termos amplos, ele escreve sobre a constituição histórica da raça e a mobilidade das formas de racismo no tempo e no espaço. A obra de Arjun Appadurai vem da antropologia, e ele tem um interesse específico e permanente nos estudos sobre o Sul da Ásia. Tem grande influência na exploração de novos modos de conceituar os processos de formação do conhecimento antropológico. Embora os dois compartilhem certos interesses centrais, essas conexões não são explicitadas em seus escritos. Esta entrevista, realizada em Londres durante a visita de Arjun Appadurai em 1997, foi uma oportunidade de reunir os dois autores para discutir os temas e conexões que ambos exploram de diferentes maneiras, mas com motivações teóricas e políticas semelhantes. Em particular, eu queria questiona-los os temas que penso que constituem o centro crítico dos estudos culturais: a política da memória, a teorização dos deslocamentos e os novos conceitos de espacialidade, a crítica da autenticidade e os modos de teorizar a corporificação; e também sobre as direções convergentes em seu trabalho atual, especialmente em torno das noções das ações extremas, da guerra e da violência.
Programa da cadeira de Comunicação Intercultural
1.Nome
da unidade curricular
Comunicação Intercultural
Intercultural Communication
2.Ciclo de estudos
1.º
3.Docente
responsável e respectivas horas de contacto na unidade curricular (preencher o
nome completo)
Ana Paula
Ribeiro Tavares—
45 TP + 30 O
5.Objectivos
de aprendizagem (conhecimentos, aptidões e competências a desenvolver pelos
estudantes)
O objectivo da UC é fornecer a base teórica para uma abordagem
sustentada a questões de
estudos culturais. Considerando-se o modo como o conceito
tradicional de cultura tem vindo a ser objecto de questionamento e a forma como
a identidade é entendida menos como um dado do que um processo complexo de
identificação, a análise de processos de contacto e de intercâmbio cultural tem
de ser consequentemente revista, bem como a própria noção de
interculturalidade. Estas abordagens são articuladas com a análise de práticas
culturais concretas, das quotidianas às artísticas, incluindo questões de
cidadania, afim de fornecer aos estudantes as competências que lhes permitam
uma abordagem prática a estes tópicos que não descure o elemento
teórico-reflexivo. No final do semestre os estudantes deverão estar aptos a
aplicar os seus conhecimentos.
5.Learning outcomes of the
curricular unit
LOs of the CU are the capacity to apply a
theoretically sustained approach to issues of intercultural communication, with
a special emphasis on contributions from cultural anthropology and cultural
studies. Based on the notion that the concept of culture itself has been
subject to critical approaches, and that identity is less a given than a
complex process of identification, the analysis of processes of cultural
contact and exchange has to be revised, as well as the notion of
interculturality itself. These approaches are articulated with concrete
cultural practices on several levels, from everyday life to artistic
initiatives, as well as questions of citizenship, thereby contributing to an
approach to issues of interculturality that provides students with skills that
will enable a hands-on approach to these topics framed by a reflective
theoretical apparatus. At the end of the semester students are expected to be
able to apply their knowledge to concrete situations and problematics.
6.Conteúdos
programáticos
Comunicacão intercultural
1.1.
Problematização do conceito.
1.2. Comunicacão e ‘diferença’.
1.3.
Cultura como diferença: Hierarquia e igualdade.
1.4. A produção da diferença
2. Interculturalidade/ Transculturalidade
2.1. Antropologia e situação colonial
a. Antropologia e subjectividade
b. Cultura e mudança
c. Antropologia e produção da
diferença
2.2. Produção da diferença,
hierarquias e fronteiras
a. Crise da representação etnográfica
e pós-colonial idade
b. Transculturação na zona de contacto
c. Auto-etnografia, representação e
poder
3. Diferença, estereótipo e representação
3.1.Racismo,
corpo, desejo e ambivalência.
3.2. Raça e cultura
3.3.O Oriente como ‘diferença’
3.4.Representação
e imagem
a. Representação
e linguagem
b. Representação
e poder
c. Estereótipos e sua genealogia
d. Contrariar estereótipos
4. Diferença,
subalternidade, cidadania
4.1.Cidadania e civilidade
4.2.Cidadania
e imigração: o direito a ter direitos
6.Syllabus
1. Intercultural communication.
1.1. Problematization of the concept
1.2.Communication and ‘difference.’
1.3.Culture and ‘difference’. Hierarchy and equality.
1.4.The production of ‘difference.’
2. Interculturality/ Transculturality
2.1. Anthropology and the colonial situation
a. Anthropology and subjectivity
b. Culture and change
c. Anthropology and the production of difference
2.2. Production of difference, hierarchies and borders
a. The crisis of ethnographic representation and the post-colonial
condition
b. Transculturation in the contact zone
c. Auto-ethnography, representation and power
3. Difference, stereotype and
representation
3.1.Racism, embodiment, desire, and ambivalence.
3.2.Race and culture
3.3.The Orient as ‘difference’
3.4.Representation and the visual
a. Representation and language
b. Representation and power
c. Genealogy of stereotypes
d.Countering stereotypes
4. Difference, subalternity, citizensh
4.1.Citizenship and civility.
4.2.Citizenship and immigration: the right to have rights
7.Demonstração
da coerência dos conteúdos programáticos com os objectivos de aprendizagem da
unidade curricular
A UC apresenta os
principais conceitos, ao mesmo tempo que os contextualiza com exemplos
concretos, enquadrando-os historicamente e considerando o emergir da antropologia
em contextos coloniais bem como o seu questionamento a partir de uma
perspectiva pós-colonial. Os pressupostos teóricos fornecem os fundamentos que
permitirão aos alunos analisar exemplos concretos, evitando a armadilha da
exoticização da diferença. A Unidade 1 é complementada com materiais audiovisuais
para possibilitar o debate em torno de exemplos articulados com as teorias
apresentadas. Unidade 2: concentra-se na ideia de cultura como diferença,
segundo a antropologia cultural, simultaneamente considerando tendências afins
surgidas nos estudos culturais, nomeadamente a partir de uma perspectiva
pós-colonial. A Unidade 3 aborda o conceito de representação, a sua poética - o
seu sistema de significação - e a sua política, fornecendo uma ferramenta decisiva
para se abordar a questão do estereótipo, tendo em conta o seu poder e impacto.
Exemplos, extraídos predominantemente do cinema e da cultura visual, desempenham
um papel central. As questões associadas também com a imigração, identidade nacional e cidadania
na Europa serão o principal tema da Unidade 4.
7. Demonstration of the syllabus coherence with the
curricular unit's objectives
The CU starts with the main concepts to be
used, while contextualising them with recourse to precise examples, and framing
them within a historical approach that considers the emergence of anthropology
in colonial settings, as well as its questioning from a postcolonial
perspective. The theoretical, reflective presuppositions will provide the
foundation that will allow students to analyse concrete examples and avoid the
trap of exoticizing difference. Unit 1 is complemented by visual materials, so
as to facilitate discussions on examples to be articulated with the presented
theories. Unit 2 concentrates on the idea of culture as difference developed in
some tendencies in cultural anthropology, while also considering similar
approaches that emerged in cultural studies, namely from a post-colonial
perspective. Unit 3 introduces the concept of representation and its poetics- as
a system of signification- and politics - as a way of exerting or accepting
power -, thereby providing a decisive tool to address the question of
stereotyping. Examples derived from film, and visual culture thus play a main
role in the seminars. Issues linked to immigration, national identity and
citizenship in Europe will be major topics in the last Unit (4).
8.Metodologias
de ensino (avaliação incluída)
As MEs associam uma
abordagem teórica com exemplos concretos e o envolvimento dos estudantes na sua
análise, através da leitura dos textos obrigatórios. É fundamental a participação oral e o
trabalho em grupo, como ponto de partida para um pensamento crítico e
dialogante. Os trabalhos escritos visam desenvolver as capacidades
argumentativas dos alunos e o confronto crítico com posições teóricas, pensadas a partir
da necessidade de as aplicar em contextos precisos. O material de apoio são
disponibilizados através de uma plataforma online. O acompanhamento dos alunos
é feito nas aulas, através da partilha de informação na plataforma ou do
atendimento individual/em grupo. A avaliação compõe-se de 3 elementos: a)
participação oral 30%; b) prova presencial escrita: comentário crítico a um excerto/imagens
ou o desenvolvimento de uma argumentação consistente a partir de uma questão
precisa 35%; c) trabalho final escrito sobre um texto ou tópico previamente
acordado com o docente.
8.Teaching methodologies (including evaluation)
TMs associate a theoretical approach with
concrete examples and the involvement of students through a close reading of
the assigned. Oral participation and discussion in groups are fundamental for a
critical, dialoguing thinking. Written assignments are intended to develop the
students’ argumentative capacities and their critical engagement with
theoretical positions, backed up by the need to apply them, and test them in
precise contexts. Support material will be made available through an online
platform. Tutoring takes place during seminars, through information shared
through the online platform and by meeting students individually or in small
groups. Evaluation consists of 3 elements: a) oral participation (30%), b)
written assignment in class consisting of a critical commentary of text
excerpts, images or the development of a sustained argument departing from a
precise question (35%); c) final written assignment on a text or topic formerly
agreed with the instructor (35%).
9.Demonstração
da coerência das metodologias de ensino com os objectivos de aprendizagem da
unidade curricular
As ME conferem importância decisiva à leitura minuciosa dos textos teóricos, associando-a a exemplos
práticos, ilustrativos, dos tópicos abordados, questão de
importância maior num campo em que a
experiência e as práticas concretas, quotidianas
fornecem o pano de fundo a partir do qual os tópicos deverão
ser abordados e explorados criticamente. As secções principais são planeadas de
acordo com esta perspectiva, partindo de uma reflexão crítica acerca da própria noção de interculturalidade. As tarefas
atribuídas aos estudantes tomam este ponto de
partida em consideração, ao fornecerem as ferramentas teóricas e metodológicas
necessárias para a análise de fenómenos contemporâneos, permitindo-lhes desenvolver um
pensamento autónomo sobre as questões abordadas.
9.Demonstration of the coherence between the teaching
methodologies and the learning outcomes
TMs accord decisive importance to the
close reading of theoretical texts, while also giving particular attention to
practical, illustrative examples, a method which is of paramount importance in
a field in which concrete, everyday experiences and practices provide the
backdrop against which the topics are to be addressed and critically explored.
The main sections are accordingly planned, departing from a critical approach
to the issue of interculturality itself. The tasks assigned to students take
this into consideration providing the theoretical and methodological tools to
analyse contemporary phenomena and develop a reflective, autonomous thinking on
the issues addressed.
10.Bibliografia
Balibar, Etienne. 2005. We the People of Europe. Princeton, Oxford: PUP.
Benhabib, Seyla. 2005. Another Cosmopolitanism. Oxford: OUP.
Bhabha, Homi K. 1994. The Location of Culture. London, New York: Routledge.
Clifford, James. 1988. The Predicament of Culture. Cambridge, MA, London: HUP.
Fox, Richard, G., Barbara J. King. Eds.
2002. Anthropology beyond
Culture. Oxford, New York: Berg.
Geertz, Clifford. 1973. The Interpretation of Cultures. New York: Basic Books.
Gilroy, Paul. 1993. The Black Atlantic. London: Routledge.
Hall, Stuart. 1997. Ed. Representation. Cultural Representations and
Signifying Practices. London:
Sage.
Herzfeld, Michael. 2001. Anthropology: Theoretical Practice in
Culture and Society. Oxford: Blackwell.
Rosaldo Renato.1993. Culture and Truth. The Remaking of Social Analysis. Boston:
Beacon Press.
Sanches, Manuela Ribeiro. 2005. Deslocalizar
a Europa. Lisboa: Cotovia.
Filmes:
London River (2009); Balada de um Batráquio (2016); I Am not your
Negro (2016)
11.Tempo de
atendimento de alunos / Office hours
Duas horas semanais/ Two hours week
Sempre que for necessário e solicitado pelo
aluno/ whenever booked with the student.
Subscrever:
Mensagens (Atom)
Mulheres negras: moldando a teoria feminista, por bell hooks
bell hooks Artigo completo: (20) (PDF) bell hooks * Mulheres negras: moldando a teoria feminista Black women: shaping feminist theory | D...

-
As culturas nacionais como comunidades imaginadas Stuart Hall (A identidade cultural na pós-modernidade. SP: D...
-
Appiah, Kwame Anthony, Na casa de meu pai , Rio, Contraponto, 1997 No primeiro capítulo de seu livro, Kwame Anthony Appiah analisa primo...
-
Livro completo aqui . SPIVAK, Gayatri Chakravorty. (2010). Pode o Subalterno Falar? Belo Horizonte: Editora UFMG Bruno Sciberras de Car...