quinta-feira, 9 de novembro de 2017

Interrogando a identidade - Homi K. Bhabha



Ler  Fanon  é  vivenciar  a  noção  de  divisão  que  prefigura  -  e  fende  -  a  emergência  de  um  pensamento verdadeiramente radical que nunca vem à luz sem projetar uma obscuridade incerta. Fanon é o provedor da verdade transgressiva e transicional. Ele pode ansiar pela transformação total do Homem e da Sociedade, mas fala de modo mais eficaz a partir dos interstícios incertos da mudança histórica: da área de ambivalência entre raça e sexualidade, do bojo de uma contradição insolúvel entre cultura e classe, do mais fundo da batalha entre representação psíquica e realidade social. Sua voz é ouvida de forma mais clara na virada subversiva de um termo familiar, no silêncio de uma ruptura repentina: "O negro não é. Nem tampouco o branco". A incómoda divisão que quebra sua linha de pensamento mantém  viva  a  dramática  e  enigmática  sensação  de  mudança.  Aquele  alinhamento  familiar  de  sujeitos  coloniais  - Negro/Branco, Eu/Outro - é perturbado por meio de uma breve pausa e as bases tradicionais da identidade racial são dispersadas,  sempre  que  se descobre  serem  elas  fundadas  nos  mitos  narcisistas  da  negritude  ou  da  supremacia cultural branca. É esta pressão palpável da divisão e do deslocamento que leva a escrita de Fanon para a extremidade das coisas - a extremidade cortante que não revela nenhuma iluminação última mas, em suas palavras, "expunha uma declividade completamente nua de onde pode nascer uma autêntica sublevação".

[O texto completo aqui.]

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